O amor é a única coisa no mundo que nos poderá
despertar as sensações mais estranhas e mais controversas que o ser humano pode
sentir. O amor é uma doce tontearia que te faz madurar, é a doce ilusão daquilo
que se pode tornar real. O amor é tornar os simples factos impossíveis em
grandes realidades. Este livro trata-se se de uma compilação de desabafos para
o papel que fiz ao longo de três longos anos, desde que conheci a minha mulher
Juliet. Não sei quanto a ela mas quando consta a mim, foi amor á primeira
vista. Nos encontrámos num simples bar e o Martini nos levou a conhecer. Juro
que não era o álcool a falar mais alto mas sim o amor. Eu me apaixonei pelo seu
jeito de ser, pela forma que ela fumava o seu cigarro e da forma como ela se
ria das minhas piadas atrapalhadas sem graça nenhuma. Não ficamos com o
contacto um do outro, nem se quer sabia qual era o seu nome, mas depois de três
longos anos de ilusões por ela a encontrei de novo, desta vez num lugar mais
depressivo: No hospital! Eu era e sou ainda médico e, quando me disseram que
havia uma mulher que tinha de examinar de urgência e quando vi a sua foto na
ficha de inscrição, não queria acreditar! Tratava-se da mulher que eu mais
amava neste mundo que, o enfermeiro me acabara de dizer que tinha poucos meses
de vida devido a um cancro. Passei os meus últimos meses com ela e cada vez
mais me apaixonava pelo seu ser. Desde o primeiro dia que a vi que sabia que
ela era corajosa, nem a morte lhe fez frente. A vivacidade com que ela me
encarava todos os dias na consulta era contagiante. Das consultas passamos aos
jantares, dos jantares aos passeios á beira-mar e dos passeios á beira-mar ao
namoro. Uma coisa que aprendi com a minha profissão é que nós podemos dar uma
estimativa de quanto tempo a pessoa irá durar aqui na terra, mas só os
pacientes sabem o momento exacto da sua morte. Está dentro deles e ela sentiu
isso mesmo uma semana antes. Pediu para que eu passasse toda a semana com ela e
assim o fiz. Até que um dia ela me disse que não queria morrer sem antes se
sentir casada comigo. Ela própria me pediu em casamento. Comprou as alianças,
fizemos juras de amor, mesmo sem padre, convidados ou vestidos de noiva e
smoking. Apesar de não ter sido nada registado em um papel para se poder dizer
que era oficial, sentia-me seu marido e ela minha esposa. Sei que ela sentia o
mesmo. Passámos a lua-de-mel na minha casa, já que não era conveniente sairmos
da cidade. Nessa mesma noite ela me disse algo, agarrada a mim, que me tocou no
coração: ‘’Sabes, morro feliz porque sei que acabei por ficar contigo para
sempre, já que o meu sempre está prestes a terminar.’’ Nessa mesma noite, não
preguei olho só para digerir umas quantas vezes aquela frase, simplesmente
fiquei contemplado ao vê-la dormir, até que entendi que ela tinha adormecido
para sempre nos meus braços. Não senti pavor nem tive traumas desse facto da
minha vida, muito pelo contrário. Senti-me lisonjeado por tê-la acompanhado até
ao último segundo da sua vida. Apesar da tristeza falar mais alto, claro. Hoje,
passados cinco anos de tal acontecimento, decidi publicar este livro em sua
memória, mas também como uma esperança de que ela leia este livro e me
reencontre. Acredito imenso na reencarnação e sei que Deus a quer ao meu lado.
Sei que ela está em qualquer canto deste planeta. E sei que mal ela leia este
livro, vai sentir emoções tão fortes e inexplicáveis como senti-mos quando o
nosso destino era ficarmos juntos. Este é um grito desesperado em forma de
palavras de quem procura o seu não único amor, mas sim o seu único amor
verdadeiro.