sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

1 quarto para as 2

Não te demores, mas também não tenhas pressa. Pelo caminho podes trazer chocolates, se quiseres. Não tenho nada doce por aqui para acompanhar o café.
Enquanto não chegas, eu vou preparar a lareira e o meu coração. Não quero que sintas o frio que se faz sentir por estes lados. Ouvi dizer que odeias sentir-te desconfortável em qualquer lado que vás. Não sou perfeccionista mas quero, desta vez, que cada detalhe seja perfeito.
Espero que gostes do jantar. Comprei aquele vinho que gostas tanto. Passei o dia inteiro, de loja a em loja, à procura dele. Tu sabes, eu não sei de todo do apreciar um bom vinho, mas o único que eu quero é apreciar a tua cara enquanto o bebes.
Acabei por comprar aquele vestido em tons de salmão que vimos na loja, aqui há uns tempos. Sinto-me um pouco desconfortável quando saio dos tons escuros que estou habituada a usar para me esconder entre o stress do dia a dia. Mas sei que gostas de cores em tons de pastel para combinar com os teus casacos azuis escuros. Não importo de me adaptar aos teus gostos, sei que vais ficar surpreendido.
Pensei que depois do jantar poderíamos ver um filme, mas não acho adequado passarmos tanto tempo envolvidos em uma história qualquer que, além de não existir, não se compara de todo à nossa. Não vamos perder o pouco tempo que temos com ilusões, quando podemos criar a nossa própria história. Não haverá regras nem limites mas talvez, quem sabe,  um final feliz.
Sei que não querias  nada planeado, mas a minha vida é feita de improvisos e a maior parte deles infelizes. Só quero ter a certeza que tudo correrá como realmente esperas. Disseste que não fazias espectativas de nada, mas sei que essa é a maior mentira de sempre. Toda a gente cria ilusões de momentos perfeitos, mesmo sem se aperceber. Tu, com certeza  não serás exceção.
Espero-te na minha casa às oito. Não te demores, mas também não tenhas pressa.
Eu vou ficar á espera, o tempo que for preciso.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

06012015

Aprendi a não temer o escuro.

Nele nada existe, incluindo eu.

 

Esta foi a melhor forma que tive para fugir de mim por uns momentos.

Nele, todas as lágrimas que aparecem no meu rosto não existem. Nele, aquelas vozes que me atormentam, gritando raivosas todos aqueles nomes em que eu acredito, não passa de uma mera ilusão.  Nele o meu corpo, do qual sinto tanta vergonha, evapora-se e os meus olhos tornam-se inúteis por não poderem olhar para aqueles risos cheios de malicia e todos aqueles dedos a apontarem para mim. No escuro não existe dor, mas também não existe conforto. Não existe certo nem errado. Não existe vida. É preciso ver para crer e se eu não me vejo, então não necessito de acreditar que realmente existo. Estou cansada de seguir as ilusões que me dizem que tudo vai ficar bem. Nada vai ficar bem porque não nasci num conto de fadas para acabar com um final feliz!

Mas ainda estou a tempo de tornar a escuridão eternidade...