sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Os dez últimos desejos de Juliet Miller



O amor é a única coisa no mundo que nos poderá despertar as sensações mais estranhas e mais controversas que o ser humano pode sentir. O amor é uma doce tontearia que te faz madurar, é a doce ilusão daquilo que se pode tornar real. O amor é tornar os simples factos impossíveis em grandes realidades. Este livro trata-se se de uma compilação de desabafos para o papel que fiz ao longo de três longos anos, desde que conheci a minha mulher Juliet. Não sei quanto a ela mas quando consta a mim, foi amor á primeira vista. Nos encontrámos num simples bar e o Martini nos levou a conhecer. Juro que não era o álcool a falar mais alto mas sim o amor. Eu me apaixonei pelo seu jeito de ser, pela forma que ela fumava o seu cigarro e da forma como ela se ria das minhas piadas atrapalhadas sem graça nenhuma. Não ficamos com o contacto um do outro, nem se quer sabia qual era o seu nome, mas depois de três longos anos de ilusões por ela a encontrei de novo, desta vez num lugar mais depressivo: No hospital! Eu era e sou ainda médico e, quando me disseram que havia uma mulher que tinha de examinar de urgência e quando vi a sua foto na ficha de inscrição, não queria acreditar! Tratava-se da mulher que eu mais amava neste mundo que, o enfermeiro me acabara de dizer que tinha poucos meses de vida devido a um cancro. Passei os meus últimos meses com ela e cada vez mais me apaixonava pelo seu ser. Desde o primeiro dia que a vi que sabia que ela era corajosa, nem a morte lhe fez frente. A vivacidade com que ela me encarava todos os dias na consulta era contagiante. Das consultas passamos aos jantares, dos jantares aos passeios á beira-mar e dos passeios á beira-mar ao namoro. Uma coisa que aprendi com a minha profissão é que nós podemos dar uma estimativa de quanto tempo a pessoa irá durar aqui na terra, mas só os pacientes sabem o momento exacto da sua morte. Está dentro deles e ela sentiu isso mesmo uma semana antes. Pediu para que eu passasse toda a semana com ela e assim o fiz. Até que um dia ela me disse que não queria morrer sem antes se sentir casada comigo. Ela própria me pediu em casamento. Comprou as alianças, fizemos juras de amor, mesmo sem padre, convidados ou vestidos de noiva e smoking. Apesar de não ter sido nada registado em um papel para se poder dizer que era oficial, sentia-me seu marido e ela minha esposa. Sei que ela sentia o mesmo. Passámos a lua-de-mel na minha casa, já que não era conveniente sairmos da cidade. Nessa mesma noite ela me disse algo, agarrada a mim, que me tocou no coração: ‘’Sabes, morro feliz porque sei que acabei por ficar contigo para sempre, já que o meu sempre está prestes a terminar.’’ Nessa mesma noite, não preguei olho só para digerir umas quantas vezes aquela frase, simplesmente fiquei contemplado ao vê-la dormir, até que entendi que ela tinha adormecido para sempre nos meus braços. Não senti pavor nem tive traumas desse facto da minha vida, muito pelo contrário. Senti-me lisonjeado por tê-la acompanhado até ao último segundo da sua vida. Apesar da tristeza falar mais alto, claro. Hoje, passados cinco anos de tal acontecimento, decidi publicar este livro em sua memória, mas também como uma esperança de que ela leia este livro e me reencontre. Acredito imenso na reencarnação e sei que Deus a quer ao meu lado. Sei que ela está em qualquer canto deste planeta. E sei que mal ela leia este livro, vai sentir emoções tão fortes e inexplicáveis como senti-mos quando o nosso destino era ficarmos juntos. Este é um grito desesperado em forma de palavras de quem procura o seu não único amor, mas sim o seu único amor verdadeiro.