segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Causa(dor) ☆

Eu ainda me lembro de como transformam os meus primeiros anos de vida num paraíso. Quem me dera que estivessem aqui para relembrar esses momentos comigo. Ultimamente tenho sentido saudades vossas. Tenho tentado encontrar vestígios de vocês em tudo o que eu faço,  numa tentativa quase sempre falhada de vos sentir intensamente. Realmente, há pessoas que deviam ser imortais ou pelo menos deviam de poder estar presentes em alguns momentos da nossa vida.

Eu pergunto-me muita vez se me estão a ver de onde quer que estejam e se sentem orgulhosos de mim. Lembras-te bisavó, quando me sentavas ao teu colo e me ensinavas canções para cantarmos juntas mais tarde a caminho do castelo? Ou quando eu te via a costurar e te chateava para me ensinares também? Lembras-te quando me ensinavas a fazer tranças e insistias em corrigir-me cada vez que errava? Ou lembras quando eu levei as coisas longe de mais e cortei o meu próprio cabelo na vossa casa?
Eu era tão nova, mas lembro-me de tudo tão perfeitamente. Quem diria naquela altura que todas essas coisas iriam tornar-se em paixões que quem sabe,  irão fazer parte de mim durante toda a minha vida.

Já se passaram tantos anos desde que vos vi pela última vez e outros mais que vos vi cheios de vida. (Aquela que toda a gente que vos conhecia invejava...) É tão triste como a gente se apercebe ao longo dos anos que não somos imortais, que as pessoas que mais gostamos não são imortais e que nem sempre iremos ter a mesma disposição para a vida como temos em jovens.

A vida esgota-se ao longo do tempo e eu olho ao meu redor e vejo as vidas de quem mais gosto desgastadas com os (d)anos. É tão doloroso para mim ver as pessoas mais chegadas a perder a vida aos poucos. Sinto-me de novo aquela rapariga de 5 anos a quem lhe explicaram - com bastantes eufemismos e metáforas - que a morte leva quem mais gostamos e nunca mais os deixa voltar. Mesmo assim, acho que consegui entender (ou pelo menos tolerar) a morte nessa altura. Hoje, não a entendo nem a tolero. Ela está a querer tirar mais partes de mim e eu vou ficando cada vez mais incompleta sem aviso, sem piedade...

Eu não sei o que vem depois de tudo isto mas se essas ilusões que as pessoas criam para levarem melhor a vida forem verdade, prometem-me que irão esperar por mim? Que se irão juntar a quem inevitavelmente terá que ir? Que vamos ser unidos, tal e qual como fomos outrora?

Eu prometo dar o meu melhor aqui em baixo,  se vocês me prometerem que um dia irei poder matar todas as saudades que venho a acumular todos os dias.

Nunca se esqueçam de me proteger, com o mesmo amor e cuidado que faziam aqui em baixo, 

por favor...

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