Eu estou tão concentrada a sentir todas as dores que vivem em mim que nem consigo sentir o peso que um corpo pode ter sobre o meu. Esqueço completamente de todos os danos que ele me pode causar. Uso como se fosse o meu próprio corpo e trato-o como deveria tratar o meu.
Quando dou por mim, todas as minhas dores se uniram a outras que não me pertenciam, dispostas a serem mais um peso em mim só para tornar mais leve tudo aquilo que me recuso a sentir. Aprendi a doar o meu corpo a tudo o que não me faça doer ainda mais a alma. Sinto-me cheia quando queria sentir-me vazia mas sinto-me satisfeita, mesmo que nunca me tenha sentido insaciável.
Transformo-me num reflexo de egos e normalmente acabam por gostar do que vêm, sem se quer saber que o único que vêm são elas próprias. Eu gosto da sensação, mesmo que (es)forçada, que consigo atingir a quem me tem como alvo. É necessário um corpo aberto para remendar outro mas nem todos sabem disso.
Prefiro viver sem remendos, pois estes podem causar cicatrizes. Sei esconder-me com facilidade em aparências e mesmo que seja desmascarada por alguém, eu sei que dificilmente teria a coragem de me fechar sem me deixar alguma marca que me dure para sempre.
Sem comentários:
Enviar um comentário