domingo, 26 de julho de 2015

Tempestade ☆

Continuo sempre à espera do arco-íris depois da tempestade...




                                                                                                            mas 
recuso-me a ouvir o som da chuva a bater violentamente contra os vidros da minha janela, pedindo desesperadamente para entrar. Fecho-as rapidamente antes que os relâmpagos me denunciem e os trovões me venham avisar que querem ajustar contas comigo.

Estou habituada a continuar com a minha rotina numa tentativa de esconder o medo, tentando dar a falsa sensação que nada do que se passa lá fora importa, enquanto a minha mente só consegue pensar no dia em que o tecto irá ceder ou no dia em que o vento finalmente ganha a batalha com a minha janela e a abre, dando ordem à tempestade para entrar no meu esconderijo.

Quando esse dia chegar irei ficar imóvel, sentindo finalmente a chuva a magoar a minha pele, como se tratassem de setas atiradas na minha direcção e irei ficar apavorada quando a luz atravessar os céus, com a ânsia de atravessar o meu corpo. Nesse dia, irei deixar todas as minhas fraquezas expostas à força da natureza. Não o irei fazer por não saber como lutar, mas sim porque preciso de fazer parte da fúria e da revolta que todos os Invenos teima em chamar por mim. Irei doar o meu corpo para que me doa a alma. É triste fugirmos da dor mas ainda mais triste fingirmos a nós próprios que somos ignorantes, só para não sentí-la.
A tempestade finalmente acabou. a fúria acabou. o medo acabou.
Mas desta vez não irei abrir a janela, não mereço apreciar o esplendor do arco-íris.


Só merece o arco-íris quem se molhou na tempestade.

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