sexta-feira, 18 de novembro de 2011

H > Heavy Metal Lover



Eu coloquei aquelas botas de salto alto e vesti aquele top justo. Entrei naquele bar, um pouco assustada com o ambiente, confesso. Todos me olhavam, não compreendo se seria por desdém ou por interesse em mim, o único que eu tentava encontrar entre esses olhares eras simplesmente tu. Eras o único motivo por eu estar ali e por me vestir daquela forma ridícula. A música não me atraia de todo, até ajudava ao meu medo do desconhecido. Sentei junto ao balcão e pedi Whiskey, a minha bebida favorita… pelo menos seria naquela noite. Demorei algum tempo a bebe-la. Era só um pretexto para te tentar encontrar, até que te vi chegar. Não vinhas só, um monte de mulheres a quem chamas bonitas vinham atrás de ti como se de adereços se tratassem. Olhei para os seus sorrisos irónicos, a forma como te olhavam, como te agarravam e para as suas formas de vestir. Parecia uma delas. Com certeza irias reparar em mim. Enfim, tal facto aconteceu, bebi o meu primeiro gole daquela bebida. Escondi a minha cara amarga, estava decidida a fazer tudo o que fosse possível para te ter naquela noite. Estava desesperada, obcecada por ti. Disseste-me uma vez para mudar tudo o que fosse possível para te ter, então agora eu mudei radicalmente. Só não sei quanto tempo eu vou conseguir segurar este disfarce. Por ironia do destino ou simplesmente pelo teu próprio propósito, sentaste-te ao meu lado. Fizeste para te livrares daquelas raparigas e pediste mais um Whiskey para me acompanhares. Falas-te palavras obscenas que para ti soam a puro romantismo. Depois de uma longa conversa, pediste mais dois Whiskeys para nós dois, estavas disposto a embriagar-me. Será que só consegues controlar uma rapariga deixando-a fraca da maneira mais idiota? Caí no teu jogo, não tinha nada a perder. Queria-te naquela noite já que não te poderia ter para sempre. Interrompeste a nossa conversa com um beijo. Fizeste-me chegar para perto de mim e me segredaste ao ouvido algo que o álcool me impediu de ouvir. Talvez fosse melhor assim. Compreendi pela primeira vez que o álcool também pode ser nosso melhor amigo. Levaste-me dali num ápice na tua mota para um sitio que até hoje não reconheço. Beijaste-me, saciaste o meu desejo, fizeste-me sentir que, finalmente eu te tinha quando eras tu quem te apoderava de mim. Jurei todo o meu amor por ti naquela noite, apesar de não me lembrar ao certo quais foram as palavras que te mencionei. De repente, riste de uma forma estranha para mim. Pensei que fosse a tua forma de me dizer que me querias, mas foi simplesmente a forma de passares ao acto da dor. Dos beijos, passastes aos murros. O sangue escorria-me pela face, não tinha força nem queria defender-me. Ainda não acreditava no que estava a acontecer. Bateste-me com toda a tua violência, estavas decidido a não parar. Não proferia nem uma palavra, pensei que estava simplesmente num pesadelo. Logo me apercebi que estava certa: era um pesadelo, mas da vida real! Empurraste-me do topo da falésia e viste-me cair glorioso como se te tivesses livrado de mais um lixo que teimava em colar-se a ti. E a verdade é que eu não passava disso: de um lixo! Sujo e nojento por ter mudado só por pura possessão de uma só noite. Será isso o certo? Não sei e prefiro nem saber para não me arrepender quanto compreender que é tarde de mais para voltar atrás.
(Sim! O Titulo - e até o texto - foram inspirados na música da Lady Gaga! :D)

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