Os dados foram lançados, é a minha vez de jogar. Andei exactamente o mesmo número de casas que tinha de andar e elas levaram-me até á casa do abismo. Estou proibida de jogar até que me reencontre de novo a mim mesma! É uma tarefa difícil, pois bati lá mesmo no fundo. Tento escalar, mas as recordações do passado e do futuro fazem com que tropeça e volte de novo ao chão. Tento escalar de novo, mas as ilusões falam alto de mais e o seu eco faz com que me desequilibre e caia no fundo mais uma vez. Recupero forças e tento de novo, mas o medo troça de mim e eu como uma criança indefesa desisto mais uma vez.
Oiço gritos vindos da saída daquela escuridão. Suplicam tentando elevar a minha auto-estima para que arranje coragem de lá sair, muitas vezes me lançam uma corda na tentativa de me ajudarem mas eu nego em subir por ela.
- Caiu sempre no mesmo buraco, já está na hora de saber sair daqui sozinha. – Digo eu num tom determinado incentivando-me de novo a regressar á escalada.
Vou subindo devagar, sem pressas de chegar de novo ao jogo que me espera lá em cima. Inevitavelmente no caminho, faço planos para a nova estratégia de jogo que irei fazer quando lá chegar a cima e logo um desejo fica no topo da minha lista. Sei que desta vez preciso de ter cuidado para não voltar a cair na mesma casa.
Apesar da escalada ainda ser longa, sei que já fiz um bom caminho. Às vezes escorrego em uma ou outra pedra, mas em problemas. Força de vontade, de momento é o que não me falta e aos poucos estou a ganhar mais paciência que me ajudará a aturar o longo tempo que durará esta subida.
Quando chegar a cima, os dados serão de novo lançados, mas desta vez não terei medo da casa que me será destinada.
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